#3. Aguenta miúda: Todos têm algo a dizer
Ao longo da gravidez fui ouvindo histórias daqui e dali. Todos, ou quase todos, os que me abordavam tinham algo a dizer. Não que me incomodasse, afinal era tudo uma novidade e, simpaticamente, lá ia ouvindo aqueles que já o tinham passado. Mesmo na fase mais precoce não deixaram de existir os belos dos bitaites.
Bem um e outro, umas melhores que outras. Até que começas a ficar saturara de tanto ouvir, de tanta pergunta, de tanto querer saber. Não tarda muito e chegam as histórias que te intimidam. Ate que comecei a entender que muitas histórias têm um tanto de exagero como de intimidação. Juro que contei e respirei vezes e vezes bem fundo para aguentar uma resposta na boca.
Os dias, as semanas e os meses vão passando, e é incrível todo este processo. Cada evolução, cada transformação e cada emoção. É uma aventura constante. É uma bolha cheia de perguntas e dúvidas que só nós próprias conseguimos responder. E não, não é justo ser interrompida desta maré de encantos, não é justo tirarem-me a plenitude e a minha inquietação de querer saber por mim as respostas do meu corpo, descobrir por mim o jeito de comunicar com o meu filho. Muito menos quando nada têm a acrescentar.
Acho incrível a quantidade de bitaites com que fui espingardada. Todos tinham algo a dizer, mesmo sem saberem se as opiniões são bem vindas. Não querem saber se estamos fragilizadas ou até mesmo interessadas em saber. O que é certo é que o saco vai enchendo, a paciência vai-se perdendo e quando dei por mim o stress e o medo tomou-me. As lágrimas soltam-se. E aquilo que deveria ser vivido como um sonho, tem dias que se torna um pesadelo.
Dei por mim a chorar de pânico. Eu já não aguentava mais ouvir as pessoas. Não queria saber histórias de partos, não queria saber se haviam sido meses difíceis, nem queria saber as emoções que tiveram sentido. Eu já estava cansada de tanto pessimismo. Estava cansada de tanta intimidação. Até que chegou a cereja no topo do bolo. O pós parto e os primeiros meses de vida do bebé.
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