Educação rígida: Viver sob pressão do passado na educação dos filhos.
Nós somos feitos de memórias e vivências.
Ao longo dos anos vamos guardando recordações e experiências que, grande parte das vezes, ditam certas atitudes para com determinadas situações da vida.
A vida é composta por bons e maus momentos, somos a aprendizagem e as consequências do que vivemos. Ainda que as experiências boas sejam as que nos consomem de alegrias e felicidade há, ainda, as experiências de vida mais difíceis. Estas ultimas acabam, de certa forma, por desaparecer da nossa memória enquanto que outras experiências teimam em nos acompanhar ao longo da vida.
Há situações que, praticamente, pedimos por favor para as retirar da nossa memória, como se aquilo nunca tivesse acontecido. Quando essas memórias permanecem acabamos por vive-las com a mesma carga emocional que sentimos aquando do acontecimento.
A educação é um processo de desenvolvimento que se inicia assim que a vida começa. Pretende-se que seja transmitido ao ser humano valores, conhecimentos, ensinamentos e a aprendizagem, de modo a contribuir a sua formação pessoal e social.
As regras, as normas e a conduta que os educadores - e refiro-me, num primeiro plano, aos pais como primeiro contacto educacional das crianças - nos transmitem são as primeiras experiências adquiridas e o modo de observar e entender o contexto em que nos inserimos. Cada um à sua maneira, vão transmitindo aos seus filhos as suas experiências e ensinamentos.
No que toca à educação e ao método que cada um, individualmente, usa para se fazer ouvir e compreender, parte de quem o pratica. E eu hoje vou-me focar na educação rígida e a forma como isso influência os indivíduos no futuro.
Há uns bons anos atrás, remonto o tempo aos anos 70 - 80, ou seja, falo da geração dos nossos pais e avós, nos dias de hoje. Viveram e cresceram numa época de privações, de trabalho precoce, de fraca comunicação intra familiar e, em muitos casos, de repressão e desvalorização sentimental e emocional.
Eram miúdos e jovens que mal frequentaram a escola, cresceram e desenvolveram-se no mundo laboral em troca de alimentos ou simplesmente para contribuir para a ajuda em casa. Miúdos que trocaram a bola de futebol e as bonecas por sacos de cimento às costas, agulhas e linhas ou as sacholas de lavrar terra. Trocaram, muitos por obrigação, a escola pelo trabalho duro. Deixaram para trás a ingenuidade dos 11 ou 12 anos para dar de caras com a responsabilidade do trabalho, só porque assim tinha de ser.
Esses são os mesmos miúdos que eram reprimidos da liberdade de expressão a todos os níveis. Ainda me lembro das histórias contadas cá em casa, a angustia fica no ar.
Não que este tipo de educação tenha sido praticada no geral, como é óbvio, mas grande parte dos jovens daqueles tempos sentiram na pele a a anulação natural dos ciclos da vida. Foram jovens obrigados a crescer e a aprender de uma forma veloz.
Acreditem ou não, é hoje, 30 ou 40 anos mais tarde que se fazem ressentir estas experiências e, nem sempre pela positiva.
Quando as experiências influenciam a relação com os filhos:
Ao longo do crescimento e desenvolvimento pessoal vamos relacionando-nos com os outros, desenvolvendo as nossas capacidades de relacionamento social e inter pessoal. Vamos construindo o nosso Eu, distinguindo o que, para nós, está certo do errado, o aceitável do inaceitável e assim vamos formando a nossa personalidade. No entanto, é inevitável, anular as nossas raízes, assim como diz o ditado "Quem sai aos seus não degenera". Nós levamos connosco aquilo que nos transmitiram, mesmo quando o exemplo não tenha sido o melhor.
Ao longo dos anos eu venho a assistir a relações conflituosas entre pais e filhos:
⇝ Pais incompreensíveis e intolerantes com filhos em situações naturais da idade;
⇝ Pais que não sabem como contornar situações especificas porque não sabem como lidar com uma situação que nunca tiveram passado;
⇝ Pais que não aceitam a emancipação das crianças e dos jovens porque nunca o tiveram conseguido;
⇝ Filhos desenvolvidos numa sociedade liberal e sem pais capazes de acompanhar o seu rápido crescimento.
Muitas vezes, a falha de comunicação, a falta de compreensão, a tensão em que vivem ou a fraca capacidade de distanciar as suas más experiências no passado influenciam a maneira como educam os seus filhos. Procurando, na tentativa, de transmitir aos filhos as mesmas experiências que viveram, um alivio em relação ao passado.
Quando a consciência culpabiliza alguém:
Tenho observado alguns indivíduos que apresentam uma elevada pressão de culpa pelo que não viveram. Ou seja, são pessoas que se desenvolveram num ambiente demasiado hostil, fracassados pelas suas experiências negativas e anulados por duas fases de extrema importância para o seu desenvolvimento. São indivíduos que avançaram o processo do desenvolvimento infantil e a fase da adolescência passando, de imediato, para a vida adulta.
Hoje, mais uma vez, anos mais tarde, observam as crianças e a juventude dos dias de hoje e começam a entender que algo foi anulado, forçosamente, das suas vidas. Houveram privações que se refletem no seu desenvolvimento. E é nesta fase que se "atiram" as culpas, e há uma consequente vontade de viver tudo o que ficou para trás. Culpabilizam aqueles que os privaram assim como aqueles que vivem de forma natural a fase propicia à idade. Nestes casos, grande parte dos indivíduos, tende a reprimir os filhos no sentido de "eu não fiz, tu também não podes fazer" e culpabilizam os pais por os ter privado havendo, muitas vezes, rutura entre o indivíduo e os pais.
A desresponsabilização parental como forma de não errar:
Há ainda indivíduos que se descartam as suas responsabilidades parentais de modo a promover aos filhos experiências de liberdade absoluta que a eles não foram permitidas. Desta forma tentam dar aos filhos aquilo que eles nunca tiveram. E é com esta mentalidade que vão abolindo as regras e consequências dos seus atos. Nestas situações, os pais tendem a desresponsabilizar-se do seu papel de educador, de comunicador e de repressor, tentam transmitir aos filhos que devem aprender com as situações naturais da vida ao invés de partilhar com os filhos os erros cometidos no passado pegando neles como exemplos para o futuro.
Quando estamos perante situações de desordem, isto é, quando os pais apresentam, de forma descontrolada:
• uma vontade enorme de reprimir o filho sem motivo aparente;
• quando lhe começa a atribuir demasiadas tarefas e avalia as suas execuções de forma exigente;
• quando tenta demonstrar as suas convicções de forma rude e autoritária;
• quando usa da força física para obter respeito ou atenção do filho;
estamos, então, perante uma situação de chamada de atenção por parte do indivíduo que o pratica. Nestas situações o pai ou mãe está a atravessar uma situação de comparação parental, ou seja, está a praticar as mesmas atitudes que os pais tiveram praticado para com eles e, sem que se apercebam, estão sobre uma carga emocional tão elevada que não conseguem distinguir o que está certo do errado. Apenas querem que o filho tenha consciência da experiência pela qual foi sujeito e, em grande parte dos casos, usa dos métodos educativos dos pais para se fazerem perceber o quão a sua educação foi dura.
Como contornar a situação:
Bom, estas situações são delicadas tanto para os pais que, inconscientemente, colocam os filhos sob pressão, assim como para os filhos que enquanto pequenos não têm a capacidade de entender se aquilo os prejudica. Sabem apenas que os magoa.
A melhor forma de contornar a situação parte dos progenitores ou daqueles com quem partilham o seu dia-à-dia e têm a capacidade de distinguir que certas atitudes não são as mais adequadas ou corretas. E, é através da comunicação que se fazem entender. No entanto, em muitos casos específicos a melhor solução é a procura de ajuda profissional de forma a compreender, orientar e capacitar o individuo nas suas funções de progenitor assim como na atenuação e resolução das sequelas provocadas pelas más experiências educativas vividas no passado.
Consequências:
Quando os filhos já têm uma determinada consciência das coisas, já são desenvolvidos o suficiente para separar o certo do errado e o aceitável do intolerável, as medidas podem ter percussões diferentes. Ora, um adolescente que é constantemente repreendido, que é provocado e está em grande parte das vezes sob pressão de tarefas que depois são rejeitadas (como se tudo o que fizesse, nada estivesse bem) vai criar uma incapacidade de compreensão e uma consequente "capa" de proteção que, aos poucos, vai desenvolver um "odiozinho" de estimação para com o progenitor que o pratica. Nestes casos há uma grande falha de comunicação e quando há é praticada de modo severo gerando, muitas vezes, grandes discussões e zangas que se arrastam até à idade adulta.
Ao longo dos anos eu venho a assistir a relações conflituosas entre pais e filhos:
⇝ Pais incompreensíveis e intolerantes com filhos em situações naturais da idade;
⇝ Pais que não sabem como contornar situações especificas porque não sabem como lidar com uma situação que nunca tiveram passado;
⇝ Pais que não aceitam a emancipação das crianças e dos jovens porque nunca o tiveram conseguido;
⇝ Filhos desenvolvidos numa sociedade liberal e sem pais capazes de acompanhar o seu rápido crescimento.
Muitas vezes, a falha de comunicação, a falta de compreensão, a tensão em que vivem ou a fraca capacidade de distanciar as suas más experiências no passado influenciam a maneira como educam os seus filhos. Procurando, na tentativa, de transmitir aos filhos as mesmas experiências que viveram, um alivio em relação ao passado.
Quando a consciência culpabiliza alguém:
Tenho observado alguns indivíduos que apresentam uma elevada pressão de culpa pelo que não viveram. Ou seja, são pessoas que se desenvolveram num ambiente demasiado hostil, fracassados pelas suas experiências negativas e anulados por duas fases de extrema importância para o seu desenvolvimento. São indivíduos que avançaram o processo do desenvolvimento infantil e a fase da adolescência passando, de imediato, para a vida adulta.
Hoje, mais uma vez, anos mais tarde, observam as crianças e a juventude dos dias de hoje e começam a entender que algo foi anulado, forçosamente, das suas vidas. Houveram privações que se refletem no seu desenvolvimento. E é nesta fase que se "atiram" as culpas, e há uma consequente vontade de viver tudo o que ficou para trás. Culpabilizam aqueles que os privaram assim como aqueles que vivem de forma natural a fase propicia à idade. Nestes casos, grande parte dos indivíduos, tende a reprimir os filhos no sentido de "eu não fiz, tu também não podes fazer" e culpabilizam os pais por os ter privado havendo, muitas vezes, rutura entre o indivíduo e os pais.
A desresponsabilização parental como forma de não errar:
Há ainda indivíduos que se descartam as suas responsabilidades parentais de modo a promover aos filhos experiências de liberdade absoluta que a eles não foram permitidas. Desta forma tentam dar aos filhos aquilo que eles nunca tiveram. E é com esta mentalidade que vão abolindo as regras e consequências dos seus atos. Nestas situações, os pais tendem a desresponsabilizar-se do seu papel de educador, de comunicador e de repressor, tentam transmitir aos filhos que devem aprender com as situações naturais da vida ao invés de partilhar com os filhos os erros cometidos no passado pegando neles como exemplos para o futuro.
Quando estamos perante situações de desordem, isto é, quando os pais apresentam, de forma descontrolada:
• uma vontade enorme de reprimir o filho sem motivo aparente;
• quando lhe começa a atribuir demasiadas tarefas e avalia as suas execuções de forma exigente;
• quando tenta demonstrar as suas convicções de forma rude e autoritária;
• quando usa da força física para obter respeito ou atenção do filho;
estamos, então, perante uma situação de chamada de atenção por parte do indivíduo que o pratica. Nestas situações o pai ou mãe está a atravessar uma situação de comparação parental, ou seja, está a praticar as mesmas atitudes que os pais tiveram praticado para com eles e, sem que se apercebam, estão sobre uma carga emocional tão elevada que não conseguem distinguir o que está certo do errado. Apenas querem que o filho tenha consciência da experiência pela qual foi sujeito e, em grande parte dos casos, usa dos métodos educativos dos pais para se fazerem perceber o quão a sua educação foi dura.
Como contornar a situação:
Bom, estas situações são delicadas tanto para os pais que, inconscientemente, colocam os filhos sob pressão, assim como para os filhos que enquanto pequenos não têm a capacidade de entender se aquilo os prejudica. Sabem apenas que os magoa.
A melhor forma de contornar a situação parte dos progenitores ou daqueles com quem partilham o seu dia-à-dia e têm a capacidade de distinguir que certas atitudes não são as mais adequadas ou corretas. E, é através da comunicação que se fazem entender. No entanto, em muitos casos específicos a melhor solução é a procura de ajuda profissional de forma a compreender, orientar e capacitar o individuo nas suas funções de progenitor assim como na atenuação e resolução das sequelas provocadas pelas más experiências educativas vividas no passado.
Consequências:
Quando os filhos já têm uma determinada consciência das coisas, já são desenvolvidos o suficiente para separar o certo do errado e o aceitável do intolerável, as medidas podem ter percussões diferentes. Ora, um adolescente que é constantemente repreendido, que é provocado e está em grande parte das vezes sob pressão de tarefas que depois são rejeitadas (como se tudo o que fizesse, nada estivesse bem) vai criar uma incapacidade de compreensão e uma consequente "capa" de proteção que, aos poucos, vai desenvolver um "odiozinho" de estimação para com o progenitor que o pratica. Nestes casos há uma grande falha de comunicação e quando há é praticada de modo severo gerando, muitas vezes, grandes discussões e zangas que se arrastam até à idade adulta.
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