Uma carta aberta para a Carolina.

Carolina Deslandes - A vida toda

Pois é Carolina, a tua foto já corre mundos e fundos. E, sinceramente, acho que todas temos uma pitada de inveja dessa tua coragem.

A Carolina abriu o seu coração e expôs as suas fragilidades, como mulher, após a gravidez aqui

Não fizeste nada do outro mundo! Sim é verdade. 
Há quem esteja bem mais reboliça do que tu! Ok, também é verdade. 
Tu és linda de qualquer maneira! Verdade. 
Tens dois filhos maravilhosos que são o teu mundo! Sim, tu sabes.
Essas serão as marcas da tua vida, da tua história! Ah sim sim e quem não as tem?!

Eu sei Carolina, que tu sabes isto e muito mais, na verdade é o que tu ouves sempre. Mas ninguém está preparado para este trambolhão pessoal. E acredita, eu espero, tal como tu, ser capaz de me aceitar e enfrentar todos estes comentários moralmente positivos mas que, por trás de muitos, vêm de um olhar de pena ou de rejeição.

Um filho é o melhor presente da nossa vida. E nós mulheres, temos uma sorte absurda de sermos capazes de o gerar. A partir do momento em que soube que ia ser mãe nada mais importou. Não importa a quantidade de chocolates que vou comer, os bolos a meio da noite, as massas carregadas de molhos. Não importa se a barriga é grande, média ou pequena. Não importa o número das calças nem o peso da balança. Nestes meses sou só eu e o meu filho. E sim, eu sinto-me linda.

Todos me querem por a mão na barriga, todos nos querem sentir, todos vivem esta felicidade. Mas são só 9 meses. Depois de tudo a felicidade será o meu bebé e já mais ninguém vai querer saber se tudo em mim estará normal.

Sim Carolina, eu estou de bebé, e não há nada neste mundo que me tire esta felicidade. É o primeiro. E mesmo entre os medos e as dúvidas que tenho em relação à gravidez e à maternidade, o meu pensamento não tem espaço para mim. É como se na minha vida só existisse aquele que trago dentro de mim. E estou tão grata por ele que só quem é mãe, com todo o amor, sabe o que estou a sentir.

Adoro o meu espelho, acho mesmo que esta barriga me fica a matar. Tudo me fica bem.

Mas tu fizeste-me pensar Carolina. Serei eu capaz de me amar, tal como hoje, daqui a 6 meses? Serei eu capaz de me olhar ao espelho e sentir-me tão radiante ao ponto de imitar a Beyoncé? E os outros? Aqueles que me são íntimos? Terei eu vergonha de me mostrar perante eles? Serei eu capaz, tal como tu, de me aceitar?

Daqui a uns tempos voltarei a escrever-te Carolina. 

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