A felicidade não está em casa dos outros.
Quantas vezes dei por mim a observar aqueles com quem me cruzo?! São a felicidade estampada no rosto.
Alguns têm empregos bem sucedidos, vivem de uma forma liberal, viajam, jantam fora, passam férias no estrangeiro. Outros têm uma família grande, passeiam aos domingos à beira mar e vão ao cinema todas as semanas. Outros tantos mantêm-se jovens, frequentam as festas mais badaladas, são socialmente bem integrados, vestem boas roupas e mantêm aquele penteado da moda. Enquanto que outros mantêm as suas rotinas diárias à tantos anos que a vizinhança até já sabe as horas das chegadas e das saídas de casa, vão para os seus trabalhos monótonos e quando voltam só estão bem em casa, poucas são as conversas que trocam com o pessoal na rua mas, quem os segue nas redes sociais, derrete-se com as fotos e os vídeos de ternura e amor familiar.
Todos temos aquela tendência de olharmos para os outros, e é inevitável aquele sentimentozinho de querer ser igual.
Quantos casais eu já apontei como representantes do amor, no seu mais alto nível, quantas famílias eu já rotulei como "perfeitas", quantas vidas eu já quis ter. Mas se calhar são só pessoas extraordinárias apanhadas nos seus melhores momentos. Afinal os outros não passam de pessoas que, tal como eu, desejam ter a vida, a família ou o trabalho de outro alguém.
Mas a solução está em nós.
Não podemos invejar aquelas viagens se nós não saímos do buraco, não podemos querer a família perfeita se elas só existem no cinema (e nem assim), não deveríamos querer um amor louco porque para loucura cada um terá a sua. Tudo na vida é moderado por nós, e não vale a pena olhar para os outros como exemplo quando nós somos unicamente responsáveis pelo que temos. Todo o amor é barafundo, toda a família é problemática, todo o emprego é para doidos, todas as viagens são maravilhosas, mesmo que não seja igual à do vizinho ou à do nosso apresentador de televisão.
Na verdade não há perfeição, nem alguém inteiramente satisfeito. Talvez por sermos seres insatisfeitos e um outro talvez por desejarmos o que não temos.
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