Avós à moda antiga numa geração moderna.
Longe vão os tempos da educação rígida, forçosa, onde predominava a violência física e psicológica. Estas eram praticadas em jeito de valorizar a educação, amedrontando, como se isso fosse a melhor solução para se obter o tão desejado respeito.
Os pais dos dias de hoje são os filhos dessa geração. São os testemunhos da privacidade que havia e da liberdade que hoje dão. São gerações que praticam extremos.
Os recém-adultos, hoje, ouvem as histórias dos bisavós ou avós, bajulando os seus feitos, quase obrigatórios na altura. Era da violência que, muitos, se faziam ouvir, pediam respeito, trabalho e educação.
E é nas nossas mentes que imaginamos os nossos pais, assolados, à espera de algum dia poderem ser crianças. Muitos começaram a trabalhar quando ainda não sabiam ler nem escrever, ajudavam em casa e nos campos, enquanto outros já serviam em empresas de construção civil ou têxteis. "Faziam-se filhos à fartazana. Na altura usava-se! Uma família grande era sinal de dinheiro, havia muita gente a trabalhar para aquela casa." - testemunha uma senhora com 75 anos que tivera 12 irmãos e começou a trabalhar nos campos com 6 anos - "Começava bem cedo no campo, depois ia a pé para a escola e grande parte das vezes era descalça. Não queriam saber se ia de barriga cheia ou não, quando voltava ia trabalhar outra vez, até o sol se pôr. Estudei até à segunda classe. A minha mãe já tinha alguns filhos e precisava de ajuda em casa e no campo."
E é nas nossas mentes que imaginamos os nossos pais, assolados, à espera de algum dia poderem ser crianças. Muitos começaram a trabalhar quando ainda não sabiam ler nem escrever, ajudavam em casa e nos campos, enquanto outros já serviam em empresas de construção civil ou têxteis. "Faziam-se filhos à fartazana. Na altura usava-se! Uma família grande era sinal de dinheiro, havia muita gente a trabalhar para aquela casa." - testemunha uma senhora com 75 anos que tivera 12 irmãos e começou a trabalhar nos campos com 6 anos - "Começava bem cedo no campo, depois ia a pé para a escola e grande parte das vezes era descalça. Não queriam saber se ia de barriga cheia ou não, quando voltava ia trabalhar outra vez, até o sol se pôr. Estudei até à segunda classe. A minha mãe já tinha alguns filhos e precisava de ajuda em casa e no campo."
Entre relatos, questiono-me sobre a alegria, a felicidade, a inocência e as brincadeiras características da vida de uma criança. "Mas isso era normal, eramos todos assim. Não havia mais nada." E era no nada que foram construindo a sua personalidade, alegravam-se com pequenas coisas e eram felizes à sua maneira.
A história era para se repetir!
As mulheres casavam ainda adolescentes, na maioria das vezes para sair do sistema ditatorial que se fazia viver em casa dos pais, tinham filhos e pressupunha-se a continuidade daquela educação familiar. Os homens, esses, casavam iam trabalhar para fora sempre com o intuito de sustentar a sua família e quando chegavam havia um sentimento de medo com a sabor a respeito.
Mas os hábitos foram mudando, os interesses, a curiosidade, o estilo de vida, a industria e as novas tecnologias vieram abrir mentalidades, desenvolveram uma sociedade que estava aquém de ser equilibrada.
Ainda que defendam as suas gerações - "naquele tempo era tudo muito mais bonito, as pessoas davam-se umas com as outras, não havia telemóveis, se queriam falar tinham de ir a casa uns dos outros. Não havia muita fartura, mas qualquer coisa servia para fazer um bailarico." - admitem que hoje há uma qualidade de vida maior, principalmente no que diz respeito à saúde e ao ensino.
No entanto há quem reprove este "novo modo de vida". Em conversa de café serei eu a única a baixo da casa dos 30, depois de mim o mais jovem tem 55 anos. E a conversa desenrola-se, todos tem a sua história para contar. E há quem defenda a plena teoria da falta de respeito que hoje se tem, culpabilizando a liberdade e a abundância de bens materiais, como motivo para a falta de educação dos "moços d'agora".
Há uma ternura que todos tem em comum.
O esforço e o trabalho, as obrigações e o rápido crescimento a que foram obrigados fazem-nos sentir orgulhosos e embevecidos dos feitos conseguidos. Todos conseguiram formar as suas famílias, superaram obstáculos e em casamentos, mais e outros menos felizes, conseguiram atingir aquele que, na altura, era o objetivo maior e mais importante da vida das pessoas.
A vida é outra, os valores são os mesmos.
Hoje os objetivos são outros, embora todos queiramos construir uma família, ao longo do percurso de crescimento, cada um vai traçando objetivos próprios e diferentes. A educação, a posição social, as carreiras, os estudos, os ambientes frequentados e as experiências ditam os nossos planos e é essa a grande diferença. Somos todos formados dentro dos mesmos valores mas com objetivos diferentes. E são essas diferenças que tem feio estas gerações mudar, serem tão diferentes e tão próprias.
E há uma doçura diferente, quando eles tentam acompanhar.
Começou a era dos avós, super avós, avós muito à frente. Aqueles que por mais estranho que isto lhes pareça, eles entram na onda. E, se é para ser à frente, então que seja em grande. Esta geração dos novos avós, que já tiveram filhos "a sair da casca", são os avós da era moderna. São jovens com uma experiência nata naquilo que toca aos sabores da vida. Cresceram naquela geração rígida e repleta de regras, acompanharam e saltaram para a era moderna, dissolveram as regras anti liberais das suas vidas, começaram a rir das suas asneiras, abraçaram, acarinharam, amaram e viveram sem medos e barreiras. Deram, ofereceram, gratificaram e valorizaram as suas famílias, esforçaram-se a dobrar, investiram para dar tudo o que não tiveram.
E são eles, os guardiões, os valentões, os pioneiros desta geração muito à frente.
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